segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

COLUNA SATI SAÚDE - OUTUBRO



TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL (TRH) em mulheres na menopausa.

Contemporaneamente realizada com estrógenos, progestógenos e sua associação – tem indicação no controle de manifestações vasomotoras e urogenitais decorrentes do decréscimo de produção de esteróides ovarianos, principalmente estradiol e progesterona. Porém a administração por tempo prolongado, objetivando prevenir outras alterações relacionadas à menopausa, está sendo vista com cautela. Essa terapia constitui uma das mais complexas decisões médicas na saúde da mulher, pois, nas últimas décadas, muitas informações desencontradas foram veiculadas. Nos anos 70, a TRH foi severamente condenada pelo sugerido aumento de risco de câncer de mama e endométrio em mulheres expostas. Nos anos subseqüentes, criticaram-se a natureza e a magnitude desse risco, pois a maioria dos efeitos negativos relacionava-se a uso de estrógenos sem oposição de progestógenos. A partir de então, o uso da combinação foi avaliado em diversos estudos observacionais que sugeriram inúmeros benefícios da suplementação hormonal: prevenção de doença cardiovascular, osteoporose e declínio cognitivo. As propaladas vantagens associadas à TRH levaram à ampla e irrestrita prescrição dos fármacos. Adicionalmente, a terapia substitutiva passou a ser vista como solução de muitos dos problemas da mulher em processo de envelhecimento. Atribuíram à TRH rejuvenescimento de pele, manutenção da libido, melhora da qualidade de vida e controle da depressão associada à menopausa. No entanto, resultados provenientes de alguns desses estudos observacionais mostraram-se sujeitos a vieses de seleção, pois as mulheres incluídas apresentavam características mais favoráveis à manutenção da saúde em geral e da boa condição cardiovascular (health user e health survivor). Em outros, os desfechos eram intermediários ou substitutos, com menor relevância clínica. O fato é que as pesquisas são geradores de hipóteses e não devem orientar condutas. Segundo estudos, a fundamentação é para o uso racional da reposição hormonal na menopausa. A escolha sobre a instituição ou não de TRH por curto prazo deve ser tomada em conjunto médico/paciente, após serem informadas consistentemente da melhor evidência disponível. A decisão deve ser individualizada com base nos sintomas e monitorizada durante a hormonioterapia e mantida enquanto os benefícios forem superiores aos riscos sempre sob supervisão médica. Para que as decisões sejam mais fundamentadas, é necessário conhecer a literatura contemporânea sobre as diferentes intervenções hormonais realizadas na menopausa. (Wannmacher, L e Lubianca, JN - Terapia de reposição hormonal na menopausa: evidências atuais – Brasília, 2004
 http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/HSE_URM_TRH_0504.pdf)
“Os consensos atuais são unânimes quando relatam que os benefícios da TRH são máximos quando iniciada na perimenopausa. A mulher de 50 a 59 anos ou com menos de 10 anos de menopausa e o grupo alvo e representa a faixa de mulheres na qual os benefícios na grande maioria das vezes superam os riscos.” (Pardini, D - Terapia de reposição
hormonal na menopausa - Arq Bras Endocrinol Metab. 2014;58/2 - SP)

Evidências sobre intervenções com estrógenos e progestógenos na menopausa (Wannmacher, L e Lubianca, JN)
Benefício definido
Em sintomas vasomotores (e) (p) (e + p)
Em sintomas urogenitais (e)
Benefício provável
Em redução de fraturas por osteoporose (e + p)
Benefício desconhecido
Em sintomas urogenitais (p)
Definidos riscos ou ineficácia
Em prevenção primária e secundária de doença cardiovascular (e + p)
Em prevenção de doença de Alzheimer e demências vasculares (e) (e + p)
Em prevenção primária de acidentes vasculares encefálicos isquêmicos (e + p)
Em qualidade de vida (tratamento de longo prazo) (e + p)
Em doença tromboembólica venosa (e+p)
Em câncer de endométrio (e)
Em câncer de mama (e) (e+p)
Em câncer de ovário (e) (e+p)
(e = estrógenos p = progestógenos)

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