TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL (TRH) em mulheres na menopausa.
Contemporaneamente
realizada com estrógenos, progestógenos e sua associação – tem indicação no
controle de manifestações vasomotoras e urogenitais decorrentes do decréscimo
de produção de esteróides ovarianos, principalmente estradiol e progesterona.
Porém a administração por tempo prolongado, objetivando prevenir outras
alterações relacionadas à menopausa, está sendo vista com cautela. Essa terapia
constitui uma das mais complexas decisões médicas na saúde da mulher, pois, nas
últimas décadas, muitas informações desencontradas foram veiculadas. Nos anos
70, a TRH foi severamente condenada pelo sugerido aumento de risco de câncer de
mama e endométrio em mulheres expostas. Nos anos subseqüentes, criticaram-se a
natureza e a magnitude desse risco, pois a maioria dos efeitos negativos
relacionava-se a uso de estrógenos sem oposição de progestógenos. A partir de
então, o uso da combinação foi avaliado em diversos estudos observacionais que
sugeriram inúmeros benefícios da suplementação hormonal: prevenção de doença
cardiovascular, osteoporose e declínio cognitivo. As propaladas vantagens
associadas à TRH levaram à ampla e irrestrita prescrição dos fármacos.
Adicionalmente, a terapia substitutiva passou a ser vista como solução de
muitos dos problemas da mulher em processo de envelhecimento. Atribuíram à TRH
rejuvenescimento de pele, manutenção da libido, melhora da qualidade de vida e
controle da depressão associada à menopausa. No entanto, resultados
provenientes de alguns desses estudos observacionais mostraram-se sujeitos a
vieses de seleção, pois as mulheres incluídas apresentavam características mais
favoráveis à manutenção da saúde em geral e da boa condição cardiovascular
(health user e health survivor). Em outros, os desfechos eram intermediários ou
substitutos, com menor relevância clínica. O fato é que as pesquisas são
geradores de hipóteses e não devem orientar condutas. Segundo estudos, a
fundamentação é para o uso racional da reposição hormonal na menopausa.
A escolha sobre a instituição ou não de TRH por curto prazo deve ser tomada em conjunto
médico/paciente, após serem informadas consistentemente da melhor
evidência disponível. A decisão deve ser individualizada com base nos
sintomas e monitorizada durante a hormonioterapia e mantida enquanto os benefícios
forem superiores aos riscos sempre sob supervisão médica. Para que as decisões
sejam mais fundamentadas, é necessário conhecer a literatura contemporânea
sobre as diferentes intervenções hormonais realizadas na menopausa. (Wannmacher, L e Lubianca, JN - Terapia
de reposição hormonal na menopausa: evidências atuais – Brasília, 2004
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/HSE_URM_TRH_0504.pdf)
“Os consensos
atuais são unânimes quando relatam que os benefícios da TRH são máximos quando
iniciada na perimenopausa. A mulher de 50 a 59 anos ou com menos de 10 anos de
menopausa e o grupo alvo e representa a faixa de mulheres na qual os benefícios
na grande maioria das vezes superam os riscos.” (Pardini, D - Terapia de reposição
hormonal na
menopausa - Arq Bras Endocrinol Metab. 2014;58/2 - SP)
Evidências sobre intervenções com estrógenos e progestógenos na
menopausa (Wannmacher, L e Lubianca, JN)
Benefício definido
Em sintomas vasomotores
(e) (p) (e + p)
Em sintomas urogenitais
(e)
Benefício provável
Em redução de fraturas por
osteoporose (e + p)
Benefício desconhecido
Em sintomas urogenitais
(p)
Definidos riscos ou ineficácia
Em prevenção primária e
secundária de doença cardiovascular (e + p)
Em prevenção de doença de
Alzheimer e demências vasculares (e) (e + p)
Em prevenção primária de
acidentes vasculares encefálicos isquêmicos (e + p)
Em qualidade de vida
(tratamento de longo prazo) (e + p)
Em doença tromboembólica
venosa (e+p)
Em câncer de endométrio
(e)
Em câncer de mama (e)
(e+p)
Em câncer de ovário (e)
(e+p)
(e = estrógenos p =
progestógenos)
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